quinta-feira, 12 de maio de 2011

Variações sobre um mesmo tema

Existem pessoas que são extremamente contra a democratização das coisas e dos serviços. Pra mim, trata-se de uma crença besta de que democratizando e facilitando o acesso ao produto, este perderá a qualidade, tradição e blá. É só mais um discurso preconceituoso. E isso acontece também com a comida.

Em vários sites, revistas e blogs, você irá encontrar pessoas "destruindo" as ideias de se inovar na cozinha ou mesmo experimentar misturar ingredientes numa base. E detalhe: são pessoas que entendem tanto de cozinhar quanto um filho mimado que a mãe faz o prato.

Enfim, dia desses, estive num evento e vi uma comidinha que me lembrava um sushi. Na verdade, era mesmo um sushi, mas feito com pão de forma! O recheio era um mix de frios e patês. Achei divertido. E muito gostoso, por sinal! Ele foi feito como se faz um sushi, mas com ingredientes diferentes. Parafraseando a música do Engenheiros do Havaí, são só variações sobre um mesmo tema.

Outras tantas ideias surgem e qual o problema? A cozinha é um lugar pra brincar, se divertir. E mesmo que você ganhe dinheiro com isso, se tem gente disposta a pagar pelo produto que você cria, tem mais é que variar no tema...de onde teriam surgido as grandes receitas se as pessoas que as criaram tivessem ficado com medo de 'quebrar tradição' ou 'parecerem ridícula'?

Nos próximos posts, publicarei variações de um mesmo tema com massas, pães, doces e o que for encontrando de diferente por aí!

terça-feira, 26 de abril de 2011

Pegadinha do queijo

Fui criada em meio à muita falação, comida boa - em quantidades homéricas- e risadas altas, e assim tem sido minha vida até aqui. É a herança italiana aflorada em minha família.

Sou uma descendente - de pai e mãe- e amante da cultura italiana. Muito disso devo a uma de minhas avós, a Amelia Mosna, que falava bastante em italiano, cozinhava como a autêntica "nonna" e contava os melhores 'causos' entre italianos e brasiliani.

E uma dessas famosas estórias sempre me faz rir. O pai da minha avó, o Camillo Mosna, saiu de Tirolo e chegou ao Brasil muito jovem, fugido da I Guerra. Assim que desceu no Porto de Santos, já foi levado a uma lavoura de café em Socorro (SP). Seus únicos colegas eram os imigrantes e também os escravos recém-libertos.

Primeiro susto: o Camillo nunca tinha visto negro. Segundo minha avó contava, ele ficou quase doente ao ver os negros pela primeira vez, passou pela cabeça dele que todo aquele pessoal estava com uma doença grave. Custou a se aproximar e entender que existiam pessoas diferentes do que ele conhecia até então. Aproveitando-se da inocência do italiano recém-chegado, os escravos resolveram brincar um pouco com ele.

Pegadinha

Camillo ganhou dos escravos uma lata pesada, cheia de alguma coisa. Abriu e começou a chamar todos os 'oriundi'. Ele gritava: Formaggio, formaggio per noi!!!! (Queijo pra nós!!)

A lavoura parou!! Toda a italianada, seca de vontade de comer queijo, se aglomerou e cada um com sua colher foi pegando o tal queijo que estava na lata. Em menos de segundos, todos começaram a cuspir, brigar e gritar com as mãos. E lá de longe, todos escravos rindo e gritando pro Camillo: Ô italiano, é farinha de mandioca!!! Hahahahaha!!

E foi assim que meu bisa teve seu primeiro contato com a comida brasileira...e foi aí também que se viu necessitado de entender o português e conhecer nossa riquíssima culinária! Poverino...

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Cozinhar: começando do começo!

Eu acredito que quem gosta de cozinhar, descobre isso desde cedo. Vira e mexe acha um tomate pra cortar, um queijo pra ralar, um macarrão pra cozinhar, e aí vai nascendo o gosto pela coisa. Mas claro, até aprender a cozinhar direito vai um tempo. Ou uma vida...

Bem, comecei a cozinhar por uma mistura de muita necessidade com um tiquinho de vontade. Lembro-me que iniciei a tentativa de brincar no fogão quando passei a ficar em casa sozinha com minha irmã, tínhamos 9 e 10 anos. No começo dessa nossa aventura em casa, a comida ficava pronta num passe de mágica: meus pais cozinhavam à noite; eu só esquentava a comida de dia, no micro, e comia. Mas o negócio começou a ficar ruim. E sem graça!

Eis que, no auge dos meus 9 anos e 1 metro e 20 cm de altura, virei valentona, pedi pro meu pai me ensinar a fazer arroz. Arrasei: meu primeiro fracasso na cozinha!! Ele me ensinou, reensinou, brigou comigo pelo menos até ele parar de cozinhar - e só parou porque morreu-,e, acho que depois de quase 20 anos, eu finalmente aprendi! A mágica do arroz que não gruda!!

Lembro dele falando: "Segredo de arroz solto é aquele negócio: sem pressa! Primeiro de tudo, frita a cebola no óleo ( uma gota não resolve, tenta umas 2 colheres de sopa). Não inventa hein! Depois, pra cada copo de arroz na panela, dois de água. E água gelada! Não vem jogar água morna no arroz, não vê que assim você acelera a finalização do arroz, mas não o cozimento? Sal à gosto. Fogo baixo, SEMPRE! Não vai aumentar o fogo porque tá com pressa! Panela semi-tampada. Vinte minutos e tcharam! Tá pronto! E solto!!!"

Dentre as melhores coisas que meu pai me ensinou na cozinha, fazer arroz está no primeiro lugar da lista. O dele era melhor que o de qualquer TOP CHEF. Valeu, pai! Essa eu não esqueci!!

Amei, perdi, fiz espaguete


Uma jornalista estabanada, amante da culinária e com dificuldades nos relacionamentos com o sexo oposto: não, não é uma autobiografia, é um livro divertidíssimo da Giulia Melucci, o Amei, perdi, fiz espaguete.


Giulia, filha de italianos, é uma americana que relembra nesse divertido relato todas suas conquistas e fracassos amorosos, sempre ligados à um prato especial. Ela cozinha, dá errado, ama, dá mais errado ainda, cozinha de novo, abre um vinho, dá certo, trabalha e cozinha, dá errado...enfim, todos grandes e inesquecíveis fatos em sua vida acabam (ou começam) no fogão.

Além de ser uma história água com açúcar - uma leitura pra matar o tempo -, o livro vem com todas receitas que deram certo (no fogão ou em outros lugares...). Pra quem gosta de cozinhar, é um prato cheio!


segunda-feira, 11 de abril de 2011

Biscoito, o coringa



Alguém aqui consegue resistir a um biscoito (ou bolacha, pros paulistas, meu...)?

Sinceramente, esse alimento trata-se do maior agregador da humanidade! Servido em reuniões de negócio a chás de cozinha, o biscoito é o grande coringa do nosso dia-a-dia. Tô de dieta: manda um biscoito light! Tô com lombriga: manda aquele Negresco, aquele Calipso nervoso! Tô com visita: manda aquelas bolachinhas com sal, ervas, temperinhos...

Simplesmente adoro biscoitinhos! Provar novos sabores, reencontrar antigos, ficar feliz por ver no mercado aquela marca antiiiiga que ainda persiste em te encontrar! Dizem que o biscoito nasceu na época das cavernas, quando se misturavam os grãos, moíam tudo e colocavam no fogo. Depois, o nome, bis coctus ou bis cotti, cozido duas vezes. Não sei o que é verdade disso tudo, mas sei que a ideia genial de criar esse alimento deu mais que certo!

Nas ruínas de Pompéia você encontra essas padarias públicas, com fornos e utensílios para preparar os biscoitos

Dá tão certo que existem lugares dedicados somente a essas delícias. Eu tenho duas dicas pra deixar com você. A primeira é de uma loja SENSACIONAL na Europa, chamada La Cure Gourmande. Trata-se de uma rede que vende biscoitos saborosíssimos, charmosos, lindos, além da loja lembrar a Fantástica Fábrica de Chocolate!! Eu recomendo muito!!! O preço é...digamos...acessível, desde que não se queira comprar latas e apetrechos! Vale a visita!

Minha cara está BIZARRA, mas a loja está demais! É essa aí, filial Paris Montmartre...

O outro local é, claro, o Mercado Municipal de São Paulo. Ali, você pode encontrar dezenas de barracas vendendo biscoitos de todos os tipos, do mundo inteiro! Meu preferido é o Amaretto, feito de amêndoa. Meu Deus, é divino, derrete na boca, te torna uma pessoa gulosa em dois passos: pegar - provar. Quando não compro, faço em casa mesmo: farinha de amêndoa (150 g), clara (uma), açúcar (1 xícara) e um teco de farinha de trigo! Faça bolinhas e asse em forno baixo, na fôrma untada com manteiga. Vai por mim, rende muito e encanta a todos!


Biscoito são ou não são grandes salvadores?

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Angu sem caroço!!!

Hoje, o primeiro post colaborativo do blog!! Viva!!! Espero que o primeiro de muitos! Quem manda bala aqui embaixo é o André Castro, um publicitário nota 10, sócio da Agência Canopus e, antes de tudo, isso um super amigo:


"Meus pais são mineiros, assim como avós, tios, primos, enfim, minha origem toda é mineira da região de Cajuri; e com esse repertório de “comidinhas familiares engordativas” existe um prato que os leigos em cultura mineira sempre confundem: O Angu!

Em definitivo: Angu não é polenta! E minha ilustre Vó Lorita, com seus 85 anos, me ensinou algumas regrinhas!

-O Angu é um creme mais encorpado feito de fubá e água. Somente!

-E a polenta é feita de angu, porém com sabor. Pode ter temperos na massa. Pode ter cobertura de molho de carne moída. Pode ser frita etc.

-O angu é servido, preferencialmente, quente e assim que sai da panela está como “angu mole”. Coma rápido!



Receita de angu mineiro

Ingredientes:
2 xícaras de água
6 colheres (sopa) de fubá

Preparo:
Em uma panela (de pedra, para ficar mais charmoso), coloque a água fria e adicione três colheres de fubá.

IMPORTANTE: Esse é o grande truque que minha vó ensinou para o angu não empelotar: fubá em água quente é angu de caroço!

Dissolva, com uma colher de pau, todo o fubá na água. Nesse momento temos que perceber se a água está muito rala e se precisará de mais fubá. Mexa, em círculos, com colher de pau e deixe cozinhar até que se forme um mingau. Quando cozido, acrescente o restante do fubá aos poucos, mexendo sempre até que o angu fique bem cozido.

O ponto final é: Misture até o angu se soltar da panela. Irá formar uma casquinha nas laterais e irá espirrar muito durante o cozimento. Dica de acompanhamento: Pimenta e feijão! (meus preferidos). Ou outros pratos cozidos."



Arrasou, Dé!! Obrigada pelo conteúdo! Adoramos comida com história!!
Os contos desse moço também são demais, deem uma olhada: http://falatorioandrecastro.blogspot.com/

domingo, 27 de março de 2011

Habemus Nutella!




E no 8º dia, Deus disse: "Tá vendo aquela avelaneira? Vai lá Adão, colhe todas avelãs que eu passei uma receitinha esperta pra Eva..." Tcharãm, e eis que surgiu a Nutella!!! Hahaha!

Sabemos que não foi assim que ela nasceu, claro, mas que é um alimento DIVINO, ah isso é! Pra quem não conhece (duvido que ainda exista alguém que não a tenha visto, mas em todo caso...), a Nutella é um creme de avelã com chocolate (gianduia), de origem italiana, fabricado pela Ferrero e que faz o maior sucesso na Europa, nas 3 Américas, na Oceania e, claro, aqui em casa também!

Nutella é definitivamente delicioso misturado com qualquer coisa. Bolo, torrada, sorvete (existe esse sabor sim!), bolacha, pizza, crepe, café, tudo. Já vi até num cardápio uma mistura com vodka(é, esse eu não provei ainda...).

A parte da história, mercado e blá pode ser encontrada em diversos sites. Só gostaria de compartilhar com você duas descobertas que fiz na Itália. Realmente me deixaram alucinada:

1ª- a Nutelleria!
Sim, o paraíso existe! Trata-se de um local como esse da foto que vende TUDO com Nutella. Lá é possível provar inusitadas combinações com esse sensacional creme! Eu fiquei sabendo de uma em Bologna, tem propaganda da loja em várias cidades da Itália. Infelizmente, não conheci de perto...ainda! Quem quer ir comigo?


2ª- Nutella 5 kg!
Sim, como essa da foto!! É um pote surreal, GIGANTE! É possível comprar esse vidro em qualquer supermercado de lá por um preço acessível! Mas é enorme, um absurdo, pela embalagem você nota como o povo local é louco por Nutella. Ah, e não são só comerciantes que compram, viu...

Leitora, leitor, Nutella é ou não é sensacional...

Meu caso de amor com esse creme começou cedo, logo que ela chegou no Brasil, em 1995. Lembro-me até hoje que fomos apresentadas na casa de praia e uma tia e, desde então, o tórrido caso persiste.

Romance com Nutella não é o ideal...mas recomendo que você tenha um encontro casual, de vez em quando, com essa delícia! Não vai se arrepender! ;)